A qualidade de vida em nossa sociedade atual é inversamente proporcional à evolução científica e tecnológica. Temos uma sociedade marcada pelo exibicionismo e auto centrismo, do individual versus o coletivo, investimento maior no “ter” e menor em “ser”, com sujeitos constantemente insatisfeitos. A prioridade está na busca pela satisfação pessoal e uma das consequências é a dificuldade em estabelecer relações duradouras, pois, a satisfação instantânea é mais importante do que a capacidade de suportar uma frustração e aprender a tolerar o outro.
Nesse cenário, vemos um esvaziamento da capacidade do indivíduo se relacionar com seu semelhante e a falta de trocas inter-humanas. Toda essa insatisfação mais o sentimento de felicidade cada vez mais difícil produz sentimentos de vazio. A organização familiar e social são extremamente afetadas, principalmente, quanto à estruturação do psiquismo e processo de desenvolvimento afetivo, pois, sem laços de amor, amizade, responsabilidade e dependência, o ser humano vai, pouco a pouco, adoecendo aumentando o aparecimento de doenças emocionais e transtornos psíquicos: TOC (Transtorno Obsessivo Compulsivo), síndrome do pânico, depressão, compulsão alimentar, anorexia entre outros e por consequência um aumento da dependência química: remédios, drogas e álcool, criando-se um ambiente propício para a implosão e explosão da violência.
Pessoas egoístas, sociedade inimiga; indivíduo doente, sociedade doente; indivíduo desumano, sociedade violenta. Ao contrário, para se ter qualidade de vida e atingir o bem-estar físico, mental e social é necessário ter uma vida que valha a pena ser vivida e o sentimento de se sentir “vivo” está intimamente ligado ao relacionamento com outras pessoas e a sensação de ser útil, contribuindo com o bem estar do outro.
A simplicidade da afeição oferecida pelos animais de estimação é um modelo para nossa relação com o outro. Os animais são percebidos como bons e provocam sensação de segurança mental. A intimidade com eles é alcançada instantaneamente e podemos demonstrar nossos sentimentos mais livremente do que com uma pessoa porque são coerentes e constantes no que fazem e a constância é a diferença mais destacada entre as relações pessoa-animal e pessoa-pessoa. Através deles, as relações sociais são fomentadas, uma vez que eles têm a capacidade de atrair a atenção das pessoas, incentivando a comunicação entre elas, estimulando o diálogo, até mesmo com estranhos. Os pets têm o poder de estimular o riso e o bom humor, romper barreiras e permitem que as pessoas experimentem o sentimento de autovalorização, além de liberar sentimentos reprimidos e melhorar as habilidades sociais.
Pesquisas científicas comprovam os benefícios da interação pessoa-animal, seja em nível individual ou familiar, principalmente, quando já existe um transtorno instalado, a técnica de Terapia Assistida por animais por profissionais das áreas da saúde humana é bastante eficaz no tratamento de pessoas que não respondem bem ao tratamento convencional, agilizando processos de intervenção e consequentemente apesentando maior progresso em menor tempo.
Abaixo alguns dos benefícios da TAA – Terapia Assistida por Animais no tratamento de algumas patologias:
Pessoas sociáveis, amáveis, agradáveis, pacientes, tolerantes que aceitam as diferenças individuais que valorizam o outro e se importam com os relacionamentos produzem uma sociedade mais amigável. Pessoas com o bem-estar físico, social e mental produzem uma sociedade mais saudável. Pessoas mais calmas, tranquilas, com estabilidade emocional e mental produzem uma sociedade mais pacífica.
…“ Em nenhum desses casos as pessoas são “curadas” pelos animais, mas, os bichos de estimação surtem um efeito que não é alcançado pelos medicamentos tradicionais e por outros seres humanos. Em consequência de seu relacionamento com animais, essas pessoas se tornam cidadãs do mundo mais atentas, ativas, mais conscientes das necessidades dos outros e mais responsáveis por seu próprio comportamento, o que é quase um milagre”. Marty Becker – O Poder Curativo dos Bichos.
Luciana Issa, diretora técnica do IBETAA.
Deixar Um Comentário